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PSB custa a montar palanques no Nordeste


O embrião que gerou a candidatura presidencial do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), foi fecundado após os bons resultados colhidos pelo PSB nas eleições passadas. A conquista de seis Estados e de algumas capitais importantes cacifou o pernambucano para o voo solo. No entanto, prestes a colocar a candidatura na rua, Campos enfrenta dificuldades para protagonizar palanques competitivos no Nordeste, região onde é considerado mais forte.

Entre os nove Estados nordestinos, só estão definidas candidaturas do PSB na Paraíba, em Pernambuco, em Alagoas e na Bahia. Nos cinco restantes, há chance de candidato próprio no Ceará e no Rio Grande do Norte, ainda assim em coligações que também vão pedir votos para a presidente Dilma Rousseff (PT) ou para o senador Aécio Neves (PSDB), principais rivais de Campos. Além disso, alguns dos palanques desenhados, como os de Ceará e Alagoas, são eleitoralmente inexpressivos.

Com mais de 38 milhões de eleitores, o Nordeste fez a diferença em favor do PT nas três últimas eleições presidenciais. O impacto dos programas sociais e da previdência rural na região mais pobre do país, aliados à simbologia em torno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - pernambucano emigrou em um pau-de-arara - proporcionaram maioria folgada aos candidatos petistas. A exceções foram algumas poucas cidades que têm maior influência do PSDB.

O rompimento com o PT, depois de décadas de aliança, colocou ao partido de Campos o desafio de viabilizar-se como terceira via. Mesmo tendo ganho nas urnas o comando de quatro Estados nordestinos, o trabalho não tem sido fácil. Até o momento, o PSB divide com o PSDB palanques em quatro Estados da região. Em outros, como em Sergipe, segue ligado ao PT, da mesma forma que ocorre no Amapá e no Espírito Santo, únicos Estados comandados pelo partido fora do Nordeste.

Um dos cenários mais difíceis é o do Ceará, terceiro maior colégio eleitoral da região. Contrário à candidatura de Campos, o governador Cid Gomes deixou o PSB em setembro do ano passado, carregando todo o seu grupo político para o recém-criado Pros. O movimento rebaixou o PSB de protagonista a nanico no Estado.

Para dar suporte à postulação de Campos, o PSB cearense negocia aliança com PSDB e PR, cujas lideranças locais apoiam, respectivamente, Aécio e Dilma. O planejado até o momento, segundo a deputada estadual Eliane Novais (PSB), é que seja lançada ao governo a empresária Nicole Barbosa (PSB), estreante em eleições. Há o desejo de que o ex-governador Tasso Jereissati (PSDB) concorra ao Senado para reforçar a chapa, mas ele resiste.

O PSB, então, aposta suas fichas no trabalho da ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins (PT), que não aceita a aliança nacional de seu partido com o grupo de Cid Gomes e poderia trabalhar por Campos na capital. Ela nega, mas pessoas de seu grupo têm participado de reuniões com o PSB local, que é presidido por Sérgio Novais, ex-marido de Luizianne.

O partido de Campos também é inexpressivo em Alagoas, onde o usineiro Alexandre Toledo vai ser lançado ao governo. Ex-tucano, ele não se elegeu para deputado federal em 2010 e integrava até pouco tempo o secretariado do governador Teotônio Vilela Filho (PSDB), que é cabo eleitoral de Aécio e vai indicar um tucano à sua sucessão. A postulação do PSB é vista localmente como estratégia para ajudar o candidato de Vilela contra os grupos dos senadores Renan Calheiros (PMDB) e Fernando Collor (PTB), ambos aliados de Dilma.

No Rio Grande do Norte, Campos tenta convencer a ex-governadora Wilma de Faria (PSB) a disputar novo mandato. Apesar de aparecer bem colocada nas pesquisas, ela tem hesitado. Secretária-geral do PSB-RN, a deputada federal Sandra Rosado diz que Wilma pode concorrer ao Senado em chapa encabeçada pelo PMDB, chefiado localmente pelo presidente da Câmara, Henrique Alves, que deve pedir votos para Dilma.

O grupo vai enfrentar uma chapa 100% dilmista, com o vice-governador, Robinson Faria (PSD), na disputa pelo governo. Ele articula aliança com a deputada federal Fátima Bezerra (PT), que concorreria ao Senado. Em meio a processos de cassação e inegibilidade, a governadora Rosalba Ciarlini (DEM) - que também demonstra simpatia por Dilma - ainda não anunciou se vai tentar a reeleição.

Outra liderança do DEM na região, o prefeito de Aracaju, João Alves Filho, foi procurado por Campos para uma possível aliança em Sergipe. Ambos se reuniram em janeiro. O ideal para o PSB seria lançar ao governo o senador Antônio Carlos Valadares (PSB) com apoio do prefeito de Aracaju, que teria compromisso com Aécio.

Alves, entretanto, também é assediado pelo governador Jackson Barreto (PMDB), candidato à reeleição e aliado de Dilma. Principal nome do PSB local, Valadares não tem demonstrado intenção de rachar com o governador. Ele reivindica espaço para o PSB na chapa majoritária, que já conta com o PT. O objetivo comum é derrotar o grupo do senador Eduardo Amorim (PSC), que deve se lançar ao governo ao lado de Dilma.

No Piauí, o PSB também não vai ter candidato próprio, mesmo ocupando o governo do Estado. O governador Wilson Martins (PSB) vai concorrer ao Senado em um exótico palanque triplo, que deve ser encabeçado pelo deputado federal Marcelo Castro (PMDB), aliado de Dilma. O candidato a vice deve ser o tucano Silvio Mendes, que vai fazer campanha para Aécio. A chapa adversária tem o senador Wellington Dias (PT) tentando voltar ao governo.

Apesar de os dois principais candidatos ao governo do Piauí apoiarem Dilma, o PSB acredita que Campos pode levar vantagem no Estado, pois vai contar com a máquina do governo e com "rebeldia" do prefeito de Teresina, Firmino Filho (PSDB), que mesmo sendo tucano deve fazer campanha para o governador de Pernambuco, de quem foi colega de faculdade.

No Maranhão, a preferência de Campos é pela aliança com Flávio Dino (PCdoB), que pela segunda vez seguida vai tentar acabar com a dinastia Sarney no Estado. De acordo com o secretário-geral do PSB no Maranhão, João Bento, já está apalavrada chapa encabeçada por Dino e com o vice-prefeito de São Luís, Roberto Rocha (PSB), concorrendo ao Senado.

Há, no entanto, a possibilidade de a deputada estadual Eliziane Gama (PPS) ser a candidata de Campos. Esta é a opção preferida de Marina Silva, mas seu baixo potencial eleitoral pode comprometer o plano. "Além disso, corre-se o risco de causar um segundo turno desnecessário", lembra o dirigente do PSB, que aposta em vitória folgada de Dino, que ainda não se comprometeu publicamente com nenhum dos presidenciáveis.

Além de Piauí e Ceará, o PSB vai dividir palanques com os tucanos em outros dois Estados nordestinos. Na Paraíba, onde o governador Ricardo Coutinho (PSB) vai tentar a reeleição o partido é aliado do senador Cássio Cunha Lima (PSDB). O tucano ensaia candidatura ao governo, mas pode acabar optando por coordenar a campanha de Aécio no Nordeste. Cunha Lima deve proporcionar boa votação para Aécio em Campina Grande, seu reduto eleitoral e segunda maior cidade da Paraíba. Em 2010, José Serra (PSDB) venceu Dilma lá.

O cenário mais tranquilo para Campos está, naturalmente, em Pernambuco. Seu sucessor ainda não foi escolhido, mas vai entrar como favorito na disputa, tendo como principal adversário o senador Armando Monteiro Neto (PTB), candidato de Dilma. A dúvida gira em torno do empenho de Lula. Se o ex-presidente entrar com força, pode equilibrar a eleição estadual, mas dificilmente evitará a vitória folgada de Campos.

A candidatura mais próxima ao conceito de terceira via é a da senadora Lídice da Mata (PSB), que vai concorrer ao governo da Bahia, maior colégio eleitoral do Nordeste, com mais de 10 milhões de eleitores. Ela terá ao seu lado a juíza aposentada Eliana Calmon - postulante ao Senado levada à política pelas mãos de Marina.

Lídice rompeu com o governador Jaques Wagner (PT), que vai tentar fazer sucessor o secretário da Casa Civil, Rui Costa (PT). A crise de popularidade do PT é a aposta do PSB para uma votação importante de Campos no Estado. O contraponto pode ser o prefeito da capital, ACM (Neto), apontado pelo Vox Populi como o mais bem avaliado do país. Ele vai apoiar Paulo Souto (DEM) ao governo e fazer campanha para Aécio Neves.

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