O Ministério das Relações Exteriores gostaria que o Brasil pudesse fazer acordos bilaterais de livre-comércio de forma independente. Ou seja, sem o aval do Mercosul. No entanto, a decisão 32, de 2000, do bloco não permite isso. Por isso, o ministério discute a possibilidade de revogar esta decisão 32.
Por meio do Mercosul, o Brasil só assinou três acordos bilaterais de livre-comércio, com Egito, Palestina e Israel, o único que está e vigor. Não é à toa que o ministro das Relações Exteriores do governo interino, José Serra, defende que o Brasil “flexibilize” o Mercosul para fechar outros acordos. A ideia é poder fechar acordos bilaterais com Canadá, Japão, Coreia e o bloco EFTA, formado por Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein.
No entanto, para revogar a decisão 32 é preciso a aprovação dos quatro membros plenos do Mercosul, que são Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. Enquanto o Paraguai e Uruguai são grandes defensores da ideia, já que também querem fechar acordos bilaterais de forma independente, a Argentina é resistente à proposta. O governo brasileiro, por sua vez, acredita que caso os três países se unam pela revogação, será politicamente insustentável para a Argentina se opor.
O problema é que caso a decisão seja revogada, outras países do Mercosul também poderão fechar acordos bilaterais de forma independente, o que não agrada algumas pessoas no Ministério do Desenvolvimento e no mundo empresarial. A Argentina, por exemplo, poderia fechar um acordo com a China e reduzir ou zerar a tarifa para produtos que o Brasil também exporta. Setores como o calçadista e de máquinas, que são grandes exportadores para a Argentina, poderiam perder mercado.
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