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Gleen Greenwald aponta homofobia de petistas contra ele e o marido: "Na época da Vaza Jato eram só elogios"


O jornalista Glenn Greenwald fez críticas ao Partido dos Trabalhadores (PT) por sucessivos ataques que estariam ocorrendo contra ele e o marido, o deputado federal David Miranda(PDT/RJ).

Gleen afirma em artigo na Folha de S. Paulo, nesta quarta-feira (22),que a perseguição começou em março quando David deixou o PSOL, se filiou ao PDT e anunciou voto em Ciro Gomes(PDT) à Eleição presidencial de outubro.


Segundo Gleen, o PT sempre condena ofensas preconceituosas quando voltadas contra si, mas que não hesita em empregá-las contra adversários, é oportunista e hipócrita, afirma.

Em 2018, entrevistei Marina Silva como parte de uma série que conduzi com os presidenciáveis. Ainda que eu já tivesse entrevistado inúmeros líderes no mundo todo, estava bastante empolgado para sentar e conversar com ela.

Apesar de algumas diferenças políticas, sempre vi Marina como uma das figuras mais extraordinárias e inspiradoras da política mundial. Como alguém poderia vê-la de outra forma?

Eu comecei a entrevista perguntando a respeito de um dos momentos marcantes da campanha de 2018: uma discussão dramática com o então candidato Jair Bolsonaro sobre a retórica "politicamente violenta" que ele utilizou no debate presidencial que acabara de ocorrer.

Em sua resposta, Marina afirmou ver a candidatura de Bolsonaro como perigosa, mas logo virou a chave e atribuiu culpa ao PT por inaugurar o que chamou de "uma visão política que valoriza mais a cultura do ódio e polarização do que o debate".

Marina insistiu que o "gabinete de ódio" não surgiu com o bolsonarismo, mas com o PT. Ela lembrou as eleições de 2014, quando o PT, assustado com seu crescimento rápido nas pesquisas, tentou destruir sua candidatura não através de críticas à sua visão política ou a seus projetos, mas por meio de "um processo violento" alimentado por "mentiras e ódios", visando destruir o que ela, e qualquer pessoa, possui de mais sacrossanto: sua trajetória, sua história, sua biografia.

Ainda que eu compreendesse racionalmente seu argumento —vi em 2014 alguns dos ataques e mentiras preconceituosas contra ela—, havia parte de mim que estranhava o fato de Marina seguir insistindo nessa história tanto tempo depois




Hoje, entendo perfeitamente o sentimento dela. Nos últimos meses, vi esse mesmo setor do PT, a sua ala mais fanática e odienta, usar essas mesmas táticas de destruição pessoal para espalhar mentiras e tropos bem preconceituosos sobre meu marido, o deputado federal David Miranda (PDT-RJ), sobre nosso casamento e nossa família.

Tudo isso como forma de punir David pelo "grave delito" de deixar o PSOL em março deste ano e apoiar Ciro Gomes, e não Lula, no primeiro turno da eleição presidencial deste ano.

Para alguns segmentos petistas, porém, qualquer coisa menos que lealdade incondicional ao partido é considerada crime grave, passível de destruição total.

Ainda que eu acredite que essa ala mais tóxica e inescrupulosa do PT não represente a maioria do partido, trata-se de um grupo bem organizado, financiado e articulado, que dispõe de vários blogs —e cuja mensagem tem amplo alcance.

Ainda que os membros mais proeminentes do PT e de outros partidos da base lulista, no Congresso e na mídia, não se somem a esses ataques, nenhum deles teve a coragem ou a integridade de denunciá-los ou repudiá-los, mesmo quando extrapolam qualquer limite da decência, da ética e/ou são repletos de preconceito. Assim como ocorreu com os ataques baixos empregados contra Marina, David e tantos outros. As lideranças do PT parecem ou intimidadas por essa facção mais radicalizada ou aprovam tacitamente seu trabalho sujo.

Em um nível, esses ataques constantes e violentos de petistas contra David e contra mim são surreais. Por anos, quando David e eu estivemos no centro do furacão político causado pela Vaza Jato —o trabalho jornalístico que permitiu que Lula saísse da prisão para se tornar o favorito nas eleições de 2022—, essa facção tinha somente elogios para nós dois.

Enquanto éramos vistos como aliados políticos, eles não só nos defendiam de ataques idênticos aos que agora lançam contra nós como denunciavam a homofobia, o racismo, o classismo e a xenofobia que os permeavam.

Agora, contudo, o tabuleiro está invertido. Meses de ataques pessoais e baixos desses setores do PT contra David —não contra seus posicionamentos políticos, mas contra seu caráter, sua pessoa e sua biografia— atingiram na semana passada o ápice com um tuíte extremamente preconceituoso que viralizou a ponto de suscitar uma matéria explicativa no UOL.

O que inicialmente chamou minha atenção nesse tuíte e me levou a respondê-lo não foi a referência extremamente homofóbica ao personagem seu Ladir, de um show da Globo exibido há quase 20 anos. Eu nunca tinha ouvido falar desse programa e foi só quando li a matéria no UOL que descobri que se tratava de um personagem gay enrustido extremamente estereotipado, espalhafatoso e afeminado (representando a mim) e sua esposa materialista e objetificada (representando David).

Enquanto eu via o tuíte viralizar entre a esquerda petista, o que me causou mais espanto foi o emprego de praticamente todos os preconceitos contra homens gays negros favelados, que não tiveram acesso a educação formal, os mesmos termos pejorativos que vejo ser usados contra David e outros como ele em nossos 17 anos de casamento.

Tal qual Marina, David é uma figura pública e um parlamentar. Críticas a sua visão político-ideológica, por mais duras que sejam, são válidas e fazem parte do jogo. Isso inclui criticá-lo, por exemplo, por conversar e se deixar fotografar com outros quadros políticos, como o Cabo Daciolo, com quem ele tem discordâncias profundas —ainda que seja irônico que essas críticas sejam feitas por quem divide o palanque com Geraldo Alckmin e depois de ver Lula construir uma convergência "estratégica" com o pastor odiosamente homofóbico Sargento Isidório.

Sem mencionar o histórico de "alianças pragmáticas" com figuras como Eduardo Cunha, Michel Temer e Sérgio Cabral, mas essa hipocrisia está dentro do esperado para o atual contexto deplorável da política.

No entanto, esse tipo de difamação contra David, menosprezando seu caráter e sua história de vida para pintar uma caricatura grotesca e preconceituosa, instrumentalizando o mesmo preconceito classista, racista e homofóbico que o PT diz combater, está em uma categoria totalmente distinta e vazia de qualquer substância crítica real.

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